'E o Bivar, como tá?': a pergunta de Lula que ajudou a enterrar a relação com chefe do União Brasil
03/09/2025
(Foto: Reprodução) O presidente Lula durante declaração Cúpula de Países Amazônicos nesta sexta-feira (22) em Bogotá
Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não esconde de ninguém que não tem a menor simpatia pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda. Tanto é que, na semana passada, diante de 38 ministros, fez questão de dizer que não gosta de Rueda, nem Rueda gosta dele, segundo relatos de vários auxiliares do presidente que participaram da reunião.
No mesmo encontro, Lula cobrou os ministros do União Brasil e do Progressistas para que defendessem o governo, se desejassem permanecer nos cargos. O recado acelerou o desgaste na relação entre os partidos e o Palácio do Planalto.
Lula e Rueda tiveram apenas um encontro na vida, em 26 de junho, um dia após a Câmara derrubar o decreto presidencial que regulamentava o IOF, impondo uma dura e inesperada derrota ao governo. Pois bastou esta única reunião para implodir as pontes entre os dois.
Segundo relatos, a conversa foi dura: Lula reclamou da falta de apoio do União Brasil às pautas do governo e fez críticas ao mercado por acusá-lo de não ter responsabilidade fiscal. Já Rueda apresentou queixas sobre a política fiscal do governo.
O saldo do encontro já era ruim, mas piorou sensivelmente quando Lula, já na despedida, fez uma pergunta: "E o Bivar, como tá?", referindo-se ao ex-presidente do União, Luciano Bivar, inimigo declarado de Rueda.
Aliados do presidente entendem que a pergunta capciosa de Lula foi calculada. Um recado do petista para demonstrar o tamanho da insatisfação com Rueda.
Ainda de acordo com relatos, o presidente do União recebeu a pergunta de Lula com espanto e constrangimento. Rueda e Bivar eram aliados, mas travaram uma disputa violenta pelo comando no União Brasil, com direito a acusações e ameaçadas de parte a parte.
Rueda, por exemplo, acusa Bivar de ter mandado incendiar seus imóveis em Pernambuco e de ter feito ameaças de morte contra famíliares dele. Bivar sempre negou.
Na terça-feira (2), União Brasil e Progressistas anunciaram o desembarque do governo, o que obriga os ministros do Turismo, Celso Sabino (União), e do Esporte, André Fufuca (PP), a entregarem seus cargos até o final de setembro.
Em resposta, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que "ninguém é obrigado a ficar no governo", mas quem permanecer tem de estar ao lado das pautas governistas.
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